Censura e bom senso - comentando os comentários
Às meninas: infelizmente não é só em Portugal que o sangue vende, pão e circo sempre venderam bem em todo o lado. Eu devo ser um dos poucos gajos que acha mesmo que os gostos se discutem e sobretudo, que se educam.
É do conhecimento geral que os media são hoje um poder influente, ao nível da escola ou talvez ainda mais, e se a escola (bem ou mal) é controlada e o que lá se ensina está (ou deveria estar) de acordo com um projecto nacional, e tem como fim a formação, porque não dar alguma parte desta formação de carácter aos media?
Porque não reorientar o teor das notícias e de alguns programas no sentido mais cívico?
Ao João Dias: ambos sabemos que o leitor desses jornais simplesmente não tem a capacidade de selecção ou racionalização, infelizmente. Tens tu, tenho eu e mais a malta que bloga por ai mas o tuga médio nunca teve a possibilidade de aprender tais coisas. Tal como a guerra é uma coisa demasiadamente importante para ser deixada nas mãos dos militares, a informação também é demasiadamente séria para ser encarada como mera «guerra» de audiências e deixada nas mãos dos Josés Eduardos Monizes deste mundo.
Ao Pinto Ribeiro: A vertigem da censura é perigosa, claro, mas se o preço da inacção for a derrota da democracia acho que vale a pena intervir. Eu sou por princípio contra a censura, posso parecer contraditório mas não advogo a censura por dá cá aquela palha.
Não posso deixar de aplaudir a censura feita no Reino Unido às imagens dos atentados, e qualquer pessoa de bom senso (acho) concorda que para dar notícia de uma bomba não é preciso andar a filmar bocados de corpos espalhados pelas ruas. Este é um caso nítido de censura que eu aplaudo de pé.
Ao Bastonadas: «A censura é o bom senso imposto» 100% de acordo, mas o que fazer quando o «freguês» não o tem? Não sei se estou disposto a deixar afundar um país porque os «fregueses» não têm juízo.
Quem não tem educação (ou bom senso, chamem-lhe o que quiserem) raramente o assume ou sequer dá por isso. Todos os ditadores o sabem de cor e salteado. Vão ao Portugal profundo perguntar aos tugas se preferem assumir a responsabilidade de seu voto ou se preferem que um qualquer Salazar tome conta deles e os proteja, se calhar tínhamos todos uma grande surpresa ao ouvirmos as respostas….
Não se pode dar ao povo o que o povo quer da mesma maneira que não o fazemos em relação a uma criança, e pela mesma razão : o povo não tem o discernimento necessário para tomar tais decisões que põem em causa o futuro da nação (embora lá de vez em quando haja umas surpresas como no recente caso dos referendos).
Por isso defendo a censura, por isso considero que há notícias que não devem ir para o ar, por isso defendo que a informação deve ser dada a quem a compreende e sabe lidar com ela e não a todos.