HOJE É O DIA DA MEMÓRIA DA ESCRAVATURA

A ONU escolheu o dia de hoje para prestar homenagem às vítimas da escravatura.

De facto, é preciso não esquecer essa grande tragédia para a humanidade que foi a escravatura.

Lembro-me de como o tema escravatura era ensinado quando andava na escola. Tinhamos de aprender o que era o comércio triangular. Quem não se lembra do comércio triangiular? De Africa iam escravos para a América, da América vinham matérias primas para a Europa, e a europa exportava bens manufacturados. A Europa também ficava com as mais valias deste lucrativo comércio. Mas essa parte ninguém nos dizia.Foi esta a divisão internacional do trabalho que prevaleceu até ao século XIX. Mas também não vi isto escrito nos manuais de História. Os índios, vinha nos livros, eram muito fracos para trabalhar, adoeciam facilmente, daí a necessidade de recorrer à importação de escravos. Disto tudo se falava como se não se estivesse a falar de pessoas, mas apenas de mercadorias. Sem qualquer espírito crítico.

Poderão dizer-me que uma época histórica não deve ser julgada pelos padrões de outra. Já ouvi isto muitas vezes. Ainda há dias voltei a ouvir o HenrY kissinger a justificar o seu envolvimento no golpe militar que derrubou Salvador Allende e o seu apoio ao regime de Pinochet exactamente com este argumento.

Acontece que esta argumento não é de maneira nenhuma um argumento válido, por uma simples razão. É que mesmo na altura, houve vozes que se levantaram contra a escravatura, tal como em relação ao extermínio dos índios. A tal minoria de que eu já aqui falei várias vezes. Por isso, talvez não fosse uma má ideia ensinarmos às criancinhas que o passado não foi glorioso, que as injustiças já vêm de longe, mas também que sempre existiram pessoas que lutaram contra elas (ingenuidade minha, ensinar as criancinhas, onde é que eu tenho a cabeça?).

Mas, mais do que lembrar o passado, o que importa é que ponhamos os olhos no que se está a passar actualmente no Mundo.

A escravatura nao existe legalmente em país nenhum do Mundo. A Declaração Universal dos Direitos Humanos proíbe a escravatura. As legislações nacionais proibem a escravatura. no entanto, a escravatura continua a existir e afecta pelo menos 30 milhões de pessoas. E não estou sequer a incluir nete número o trabalho infantil.

A escravatura continua a existir, sob diversas formas, desde a prostituição forçada e o tráfico de mulheres e crianças, ao trabalho para pagamento de dívidas, ao trabalho forçado, ao trabalho prestado por pessoas que são mantidas cativas.

É uma situação infame, que deveria envergonhar-nos a todos . São conhecidos os casos de portugueses a viver nesta situação, principalmente em Espanha, trabalhadores rurais na apanha da fruta. Também ninguém ignora a que as máfias do tráfico de seres humanos operam em Portugal com uma impunidade quase completa. Alguns de vós tavez estejam a empregar mão de obra escrava, por exeplo as mulheres a dias de leste que têm de pagar a dívida ao traficante que as trouxe. Já para não falar dessa chaga que é a prostituição forçada.

A escravatura moderna deveria envergonhar-nos a todos, e deveria ser combatida activamente.

No entanto, o negócio prospera! PORQUÊ? Porque tal como no passado, é algo que se insere na divisão internacional do trabalho, é mão de obra cujo produto do seu trabalho entra no mercado, gera dividendos, gera riqueza. É assim, não devemos adoçar a pílula. A contribuição anual do trabalho escravo para a economia mundial está avaliada em 13 mil milhões de dólares USA.

Não acreditam? Investiguem.