PORQUE PORTUGAL VAI CONTINUAR A ARDER!

À hora a que escrevo, estão por circunscrever 27 incêndios de grandes dimensões.

Em Lisboa, a luz é filtrada pelo fumo de um incêndio em Bucelas, Concelho de Loures. A menos que o vento mude de direcção, não tardará para que o ar se torne irrespirável.

Desde criança que no Verão não oiço falar de outra coisas senão de incêndios...

A quem devemos esta situação recorrente?

Durante muitos anos, a expeculação imobiliária era apontada como um dos móbeis do crime. Alterou-se a legislação. Depois era o negócio dos madeireiros. Depois também já ouvi falar dos próprios negociantes da indústria do combate aos incêndios, incluindo os proprietários dos famosos meios aéreos. Mas no final, o balanço fica sempre por fazer. Depois, em Março, o governo (seja que governo for) aparece sempre a dizer que este ano é que vai ser, que este ano é que se vais apostar mesno a sério na prevenção, no reforço de meios blablabla blablabla.

Recorrentemente vem-se falar da falta de limpeza das matas. Ninguém fala do que está por trás, do abandono dos campos, da desertificação do interior, dos eucaliptos que as próprias celuloses se encarregam de plantar e de cortar poucos anos depois. Da destruição da paisagem e dos ecossistemas que a cultura intensiva de eucaliptos acarreta. De que muitos dos pequenos proprietários rurais que embarcam neste esquema ou estão emigrados, ou estão demasiado velhos para optar por outra fonte de rendimento.

Também nunca ouvi ninguém dizer que a opção estratégica ( a palavra estratégia fica sempre bem para dar credibilidade a um texto) pela cultura intensiva do eucalipto foi uma consequência perversa da adesão de portugal à CEE/ UE. Na realidade, a entrada de Portugal naquilo a que alguns gostam de chamar EUROPA implicou desde logo o desmantelamento da nossa agricultura. A CEE/UE era e continua a ser excendentária na produção agrícola, e os países fundadores nunca estiveram interessados na correcção dos desvios ao mercado. Para os que entravam, era uma questão de cálculo de perdas e ganhos. a Florestação do país foi largamente incentivada por Bruxelas.Aliás, o mesmo está passar-se actualmente na Polónia. SÓ QUE A POLÓNIA NÃO É UM PAÍS DE CLIMA MEDITERRÂNICO (mesmo assim, os crimes ambientais que a UE está a patrocinar na Polónia não deixam de ser muito graves).

Junte-se a isto o problema da alteração do clima devido ao aquecimento global do Planeta...

Portanto, com os incêndios não estão a ser destruídas apenas árvores, ou casas de aldeia. É destruida também a nossa paisagem e o nosso património de biodiversidade.

Podia ao menos aproveitar-se para, nas zonas ardidas, fazer uma reflorestação ou outro tipo de intervenção ambiental que fosse sustentável. No entanto, não é isso que habitualmente acontece.

Outra coisa em que pouca gente terá reparado é a opção estratégica uma vez mais pela cultura intensiva do eucalipto, desta vez para ajudar a fixar o carbono atmosférico. sendo o eucaplipto uma árvore de crescimento rápido, tem uma das melhores taxas de fixação do carbono atmosférico. Parece bonito, não? Assim ajudamos a combater o aquecimento global através de uma actividade economincamente rentável... FALSO. A ideia é aproveitar a existência de um mercado internacional de comercialização das quotas de produção de CO2, e assim vender direitos de poluioção a outros países. Isto pareca a teoria da conspiração, MAS NÃO É. É uma opção estratégica que foi tomada pelo governo de Durão Barroso. Apesar de ser ecologicamente desatrosa.

CONCLUINDO, PORTUGAL VAI CONTINUAR A ARDER.