terça-feira, setembro 06, 2005

Dicionário político da fé

Abrilismo – Crença partilhada por todos os que se revêem no regime democrático e não esquecem que a liberdade viajou na coragem e determinação dos capitães de Abril.

Barrosismo – Culto sem crentes, apenas alguns clientes. Nasceu no aparelho de Estado, sem chama nem convicção e acabou em Bruxelas sem glória nem futuro.

Cavaquismo – Seita onde coexistem a nostalgia autoritária e o desejo de progresso. Os crentes julgam o ícone avatar de Sá Carneiro e não gostam de coligações. Muitos anseiam pelo seu regresso, mais unidos pelo ressentimento do que pela devoção.

Centrismo – Projecto de direita civilizada frequentado por beatos do fascismo e cépticos da União Europeia.

Comunismo – Utopia profetizada por videntes e outras pessoas de virtude que deu maus resultados e encheu de boas intenções o inferno do socialismo real.

Cunhalismo – Uma das mais desveladas e intensas devoções surgidas no Portugal de Abril, por respeito pelo taumaturgo e fascínio pela sua inteligência, cultura e coerência.
Eanismo – Honesta devoção que teve um tempo próprio e duração adequada – útil, moderada e fugaz.

Fundamentalismo – Pandemia perigosa. No Afeganistão destruiu o património, nos EUA impõe o criacionismo, na Arábia Saudita elimina as liberdades. O cristianismo gerou o Opus Dei, o islão a Al-Qaeda e o judaísmo os ortodoxos com tranças à Dama das Camélias.

Gonçalvismo – São poucos os fiéis mas é ternurenta a devoção. Sem hipótese de se tornar culto oficial resiste como sinal de pureza num espaço de saudade em que as ideologias deram lugar ao pragmatismo e ao oportunismo.

Guterrismo – Projecto honesto e pio manchado pelos resíduos de uma fábrica de queijos e dissolvido nas águas revoltas de Entre os Rios. Uma devoção consolidada nos melhores 4 anos do século passado com a descrença a instalar-se nos dois anos seguintes.

Marcelismo – Degenerescência do salazarismo que converteu a PIDE em DGS, a censura em exame prévio e a ditadura num cadáver.

Marcelismo RS – Versão conciliada com a democracia, inteligente e culta, aparecida em momento errado e responsável por uma sucessão catastrófica. Reduziu-se à existência virtual através da telepregação dominical.

Monteirismo – Misto de populismo e sebastianismo. Culto praticado pelos que têm saudades muito antigas e ressentimentos demasiado recentes, com homilias públicas de amor à democracia e orações privadas pelo regresso ao passado.

Portismo – Espécie de cruzada moralista que terminou com a descoberta de esqueletos encontrados no armário do fundador (Paulo). Paira como espectro com medo do exorcismo cavaquista.

Sá-Carneirismo – Versão civilizada e aglutinadora da direita que entusiasmou fiéis e criou amanhãs de esperança nos remorsos do passado. Pereceu em Camarate nos escombros de um acidente que os crentes atribuem a anjos maus.

Salazarismo – Arremedo autóctone e rural do fascismo, não resistiu ao caruncho de uma cadeira e, muito menos, ao fim de um anacrónico império. Os fiéis são vistos como seguidores de um culto exótico, sem qualquer perigo ou necessidade de internamento.

Sampaismo – Sentimento difuso de fé, respeito e esperança. Catalisador de afectos e referência ética, garantiu o respeito pela Constituição e evitou desmandos e atropelos da exaltada dupla Santana/Portas.

Santanismo – Culto pelo ilusionismo que provoca Ah! Ah! nos homens e ais nas meninas. A versão feminina tem como paradigma a Lili Caneças. Três meses de Governo destruíram o mito.

Soarismo – Culto antigo que vive do prestígio do ídolo e da fé dos crentes. Caracteriza-se por larga difusão em diversos quadrantes, pouca coerência ideológica, amplos afectos e ódios de estimação. Tem a última batalha aprazada para o início do próximo ano.

Social-democracia – Projecto político de esquerda cujo nome foi apropriado pela direita portuguesa para fazer esquecer a origem e confundir os crentes.

Socialismo – Culto social-democrata com roupagem de esquerda para alargar a base de apoio. Uma bênção quando tirado da gaveta.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

E Bloquismo?
E Trotskismo?
E Pedofilismo?

11:19 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

"Daniel Cohn-Bendit (Maio de 1968)

Uma das Figuras do Maio de 68 em Paris, que é actualmente uma espécie de menino da mamã dos deputados europeus e da imprensa parlamentar. É autor de afirmações pedófilas, imbecis e de mau gosto.
Durante as manifestações de 1968 e, segundo eles, para chocarem os valores vigentes, despiram-se com criancinhas e estiveram a tocar nos sexos uns dos outros, ou seja, segundos os valores vigentes da actualidade, este Deputado Europeu, esteve em práticas PEDÓFILAS. É a Esquerda no seu melhor!" - Quitéria Barbuda in "Relembrar os Camaradas", Revista "Espírito", nº 16, 2005.

“Em Portugal a Alma dos Mortos não ilumina as resoluções dos Vivos, porque o Dr. Oliveira Salazar ainda não reencarnou” – Quitéria Barbuda in “O Desejado”, Revista “Espírito”, nº 17, 2005.


www.riapa.pt.to

7:39 da tarde  

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