O Gótico dos suburbios...ou o triptico mastodontico.

Porque neste blog também se fala de cultura e viagens decidi começar um rubrica cultural e visionária.

Tal derivou da seguinte situação: ao enviar uma mensagem conspirativa de alto teor e baixo secretismo ao Carlos esperança, um dos 5 suspeitos do costume neste blog,dei-me conta, na resposta que ele enviou, que ele julgava que eu vivia em coimbra ou arredores. Realmente não vivo.
Como tal isso deu-me uma ideia para escrever um romance intitulado o gótico dos subúrbios. Mas, como eu escrevo péssimos romances ; pensei antes em escrever um tríptico mastodôntico( tradução: uma grande merda em três partes).
Um projecto triptico acerca de uma terra que é um ícon vivo.

A damaia.

Um subúrbio com um toque de classe. Uma povoação com um estilo de Nova-York e Vladivostoque. Cosmopolita e provinciana, o quente e o frio, o yin e o yiang do subúrbio da arêa de lisboa.
Logo , decidi (para mal de quem ainda suporta este blog) fazer uma descrição cultural e recreativa acerca da literatura, cultura, arquitectura , economia, social da damaia.
Comecemos ,pois então ,pelo aspecto fisico do local e pela sua descrição:
É um local aprazível , bucólico, cintilante , prazenteiroso, luminoso, cuja monotonia suave apenas é quebrada pelos assassinatos de policias em pleno dia; pelo transito caótico a partir das 5 horas da tarde ou às 8 da manhâ, pelas constantes obras idiotas que são feitas pela CMA ,pelo aprofundar do"rotundismo" como filosofia arquitectonica do local.

Mas , curiosamente uma inovação, " o rotundismo" , começa a tornar-se factor competitivo em portugal(vide o exemplo de todas as camaras municipais quererem ter rotundas),indiciando que este produto , em breve, estará a conquistar novos mercados, da Arabia Saudita ao Alasca.

Aqui surge o rasgo: arquitectonicamente, a damaia segue uma técnica inovadora que a distigue das demais concepções vigentes e/ou ultrapassadas de "rotundismo". Essa técnica inovadora consiste no " Eclétismo Aplicativo retrogádo de materiais e conceitos estéticos".

O objectivo consiste na criação duma simbíose estranha e sensualmente atraente ,mas repelente ao mesmo tempo, flutuando entre a modernidade ocidental e a estética RDA - paises comunistas. Ou seja , uma dialéctica marxista entrecortada com fukuyama.

Existem ainda laivos mastodônticos de classisismo - o aqueduto das aguas livre passa pela damaia ...... bem como um classissismo mastodôntico na construção da generalidade dos prédios - todos parecem caixotes que cairam direitos no chão.( porque este blog tem preocupações cuturais ; para os que não sabem a RDA já foi um país , depois de ser um país foi vendido em peças a alemanha em 1990...).
O "classisismo aquedutiano" patente no referido aqueduto , levou uma vez a uma afirmação curiosa de uma colega de trabalho de um amigo meu. Passando de noite, paralelamente, ao referido aqueduto esta perspicaz senhora vinda de outras terras , sem a classe da damaia, referiu ao meu amigo a singela expressão - "é sinistro";não gosto dele. Perante a estupefacção embaraçada do meu amigo , acrescento eu. Portanto como podem ver - há testemunhos - até elementos de sinistralidade existem e coexistem nesta bela povoação.Resta ainda acrescentar que o aqueduto tem um ar castanho-preto ,e arcos em forma de U simbolizando a suspensividade da engenharia no seu mais alto esplendor.

Para lá do aqueduto ,que passa pela damaia, esse clássico do transporte aquático ,também podemos observar fundados e esbeltos elementos desse conceito neo clássico pós moderno : a "rotundite".

Comecarei pelo início , descrevendo esse fenómeno único no mundo;o nascimento de um novo estilo de rotundas. È , o início de uma lucrativa industria de exportação.....ir onde nenhum autarca antes foi......

A primeira rotunda a observar e descrever situa-se, perto da base aerea de alfragide , e ,tem lá colocada um objecto misterioso em ferro fundido ; estudiosos de oxford clamam ser um simbolo de um momento alado ; simbolizando as asas de um avião que teria sido produzido pela industria metalomêcanica portuguesa depois de uma greve; a ferrugem suave que delas emana e se vê a olho nú ; o ar de abandono desprendido daquela estrutura metalica como que emanando uma simbologia pastosa a representar a fadiga do metal após sujeição a esforço titanico( sobre este pormenor da fadiga do metal consultar a nossa principal culpada no crime que é fazer este blog; a palmira silva - ela é quimica percebe disto ...) ; a dimensão onírica ali presente , simbolizando o facto de portugal sempre ter voado ao longo da sua história. É um país que voa muito. Estudiosos do burkina faso clamam ser apenas um conjunto de peças de metal quase ferrugentas. Barbáros.
Antes de se ter chegado a esta maravilha da aquitectónica da ferrugem , existe a rotunda timor lorosae ,baptizada assim devido aos acontecimentos recentes , mas ,também por se situar em frente da cova da moura e dessa maneira ,simbolizar o espirito de rebelião aí presente , o desajustamento social , as bloqueios de estrada visando assaltar transeuntes incautos ,a possibilidade de adquirir armas automáticas a preços módicos , etc e etc.
Importa também dizer que , antes destas duas maravilhas simbólicas complementares , existe a única rotunda na europa e na damaia (que se saiba) que está proxima do aqueduto das aguas livres ,num tricot moderno e classico em perfeita harmonia : a "rotunda da estação" que faz fluir o transito entre a damaia de cima e a de baixo. Esta rotunda parece um gigantesco escoadouro , regurgitando milhares de veiculos que , por milagre , não batem uns nos outros , devido a elementos de religiosidade. Esses elementos de religiosidade manifestam-se algures no mês de dezembro quando a CMA(camara merdosa da amadora) manda fazer um presépio nessa rotunda.

No resto do ano , a Cma dedica-se a regar as flores que bordejam a referida rotunda criando assim o milagre da natureza florida e dando ao modernismo floral conjugado com o "classissismo aquedutiano" um tom estranho e provocante,tão provocante que muitos visitantes nunca mais voltam à damaia.
Expelindo-nos a nós próprio por uma das saidas dessa rotunda , subimos damaia acima , existindo aqui ,nesta subida ,um tom levemente erótico e sexual que faz lembrar uma penetração, dado que, a estrada está ladeada de arvores ,dirão criaturas concupiscientes.

Ou isso, ou de um ponto de vista mais cinematográfico ; o filme apocalipse now/coração nas trevas em que o herói sobe rio acima até chegar ao confronto final. Aqui o confronto final são vários cruzamentos perigosos e , adivinharam ...... mais uma rotunda.
Esta nova rotunda é a rotunda estranha - a rotunda da praça marquês das minas. Supõe a existencia de um marquês que teria umas minas.Mas como nunca exitiram nem minas ,nem marquês na damaia o mistério subsiste. Talvez um grupo de arquelógos especialistas em arte azteca saiba o porquê.

A rotunda é estranha dado que algumas das entradas da mesma não são exactamente ao centro da mesma. Caso para o grupo paranormal de stonehenge explicar...
Nesta rotunda, na esquina existe uma pastelaria/café que denota ,através do seu nome , a profunda originalidade heráldica e genealógica existente na damaia. Chama-se o "coco verde".
Será um protesto contra nagasaki e hiroshima a escolha deste nome suigeneris,como forma de sugerir hipotéticos problemas de radiação por contaminação nuclear? nunca saberemos... o que é estranho no "coco verde" , para lá do nome, é o facto de ter posto um enorme toldo vermelho com a inscrição coca-cola e o nome "coco verde" misturado com o toldo todo em vermelho.
Em frente ao "coco verde" existe uma sede da igreja evangélica... sem toldo.
No meio desta rotunda o mistério da natureza irrompe. Três palmeiras ondulando ao vento fazendo lembrar o estandarte nacional após a vitória de alcácer Quibir. Ainda uma relva brilhante e vistosa , onde canídeos podem satisfazer necessidades fisiológicas , abrilhanta tal quadro idilico.
Depois numa das saidas desta rotunda avança-se para uma zona de prédios antigos com 15 anos de vida e num dos desvios , onde vamos dar? Adivinhou , caro leitor ! vamos dar a ... outra rotunda. Esta detém um novo simbolismo , ou seja , simboliza a rotunda que está a par com o progresso. È a rotunda que leva às novas urbanizações "pato-bravianas" que estão a ser construidas e edificadas , simbolizando o desejo omnisciente de fazer sair o país da crise.

Além disso , também dá ligação ...... voçes adivinharam, mais uma vez ...... para outras duas rotundas , uma que leva até alfragide mas que irá ser beatificada já a seguir, outra que leva ao centro da damaia.
Dizia eu que, esta rotunda que leva até alfragde , funciona como o coração interior que bombeia para fora e para dentro como uma aorta das novas urbanizações ; para lá disso ; dessa função de bombagem, é um escoadouro hipersónico para quem quer entrar depressa nos engarrafamentos do ic19 ,quer vá para lisboa ,quer vá para sintra.

Isto , sim é que é qualidade de vida , a possibilidade de poder chegar rapidamente a um engarrafamento excita-me , quase sexualmente. E mais ; antes de chegar ao engarrafamento ainda tenho a possibilidade orgásmica de passar por mais uma rotunda que ; ou me dirige rapidamente ao engarrafamento ou me dirige para alfragide. Mas alfragide está fora do ambito desta prosa vitral e luminosa acerca do profundo ribombar estético que a damaia representa no mundo comtemporaneo.

Tantas rotundas e tão boas não é para ser apreciado por qualquer um, e os habitantes da damaia tem esse previlégio unico. O facto de as rotundas virem equipadas com funções esotéricas, ou de de floresta tropical, ou internacionalistas e rebeldes é algo de verdadeiramente espantoso e que atesta a profunda revolução estética naquela povoação.

Mas as boas noticias estéticas nunca vem sós : a Cma decidiu , num gesto incentivador de uma indústria que pode vir a tornar-se um caso sério de cluster inovador , de erigir junto à rotunda já nossa conhecida ( marquês das minas - coco verde) ...... sim, adivinharam ...... mais uma rotunda. Pequena , mas com muito espaço de arrumação.Esta rotunda tem ainda umafiligrana de pedra no seu desenho simbolizando a pedra da calçada num permanente devir ,com a forma da escada de caracol. Estamos é claro a falar do desenho em pedra no meio desta obra de arte rotunda.

Ele é vê-los , os operários da construção civil, inchados de orgulho por participarem na construção de mais uma rotunda , desta vez uma pequena e comdesenhos em pedra em forma de caracol...... ainda mais dificil de fazer.

Portanto todos podem verificar e apreciar o entusiasmo do automobilista médio que , entra numa rotunda e ao sair dela, a menos de 20 metros de distancia ...... outra rotunda. Que "orgasmo "rotundístico" aqui está ...... em todo o seu esplendor.

Ou seja, em vez de terem que ir até à rotunda que leva a alfragide para apanharem o ic19 e engarrafarem-se no transito gloriosamente ...... não. A Cma consegue, com esta nova rotunda, trazer novos engarrafamentos e dentro da damaia.

É o extase total ...... devemos todos levantar as mãos no ar e saudar tal proeza.

Mas o "coup de foudre" ...... o "nec plus ultra" ...... " o tour de force" está ainda para vir.

Na damaia de cima mesmo no alto ,junto ao poderoso clube desportivo"sport futebol damaiense", existe uma escola. Não querendo privar os seus alunos e professores do contacto previligiado com novas formas de "rotundite" foi ,também decidido fazer uma rotunda na frente da escola.

Mas esta ...... oh ... lá ... lá ...... é feita num terreno inclinado, o que representa um esforço de engenharia civil ,de esquadria geométrica, um desejo de inovar propondo um risco audaz que é assaz assinálavel. Suspeito mesmo que nem a engenharia militar teria sido capaz de tal feito.

Acresce a isto que as entradas para esta rotunda não são centrais ,antes algo desviadas do centro da rotunda e , supremo prazer neste momento em que vos escrevo , esta rotunda ainda não está acabada.

Podem portanto imaginar o prazer sexual, a vontade de ler poemas de herberto helder, ou livros de josé saramago, que o automobilista damaiense sente perante a perspectiva de passar muito tempo num engarrafamento no centro da damaia e , ao subir para o outro lado da damaia ter a possibilidade de bater num outro automobilista ou acertar com a frente do seu carro num passeio ou num monte de cimento. Só quem não experimentou é que não sabe o que perde.

Depois de vos deixar com agua na boca perante tal felicidade e a descrição deste paraiso terreno teremos que terminar.

Portanto acaba aqui este primeiro roteiro triptico cultural dedicado à damaia e a arquitectura damaiense.

Na segunda parte irei caractrizar os restantes aspectos e culturas que tornam a damaia original e profunda. E a razão porque olhando a uma certa distancia parece que terá sido alguma vez bombardeada.

E mais uma vez irei deixá-los com agua na boca......