sexta-feira, julho 29, 2005

NÃO ALIMENTEMOS ILUSÕES

Quanto às próximas eleições presidenciais, cuja discussão fez mortos e feridos aqui no PORCOLATINO, e mais genericamente sobre o futuro de portugal, por favor leiam a minha posição expressa no post POR FAVOR EXPLIQUEM-ME.

Se experimentarem ler os escritores do leste europeu, do tempo do Muro de Berlim, não deixarão de encontrar curiosas convergências com a situação actual não só em Portugal, mas em toda a Europa e mais além.

A democracia está em perigo, aliás, andamos a alimentar um simulacro de democracia que se alimenta da nossa abstenção, do nosso alheamento, da nossa alienação. O cenário para as presidenciais é o reflexo disso mesmo.

Os blogs, sendo espaços em que, por enquanto ainda é possível fazer debate de ideias e escapar ao contágio da opinião publicadas, saõ, neste momento, um instrumento de participação cívica que não devemos desprezar.

O PORCOLATINO foi criado com esse espírito. Pleo menos foi nesse sentido que eu o entendi.

Vou fazer uma pausa nos blogs. Em jeito de despedida, aqui está um presente para todos.

De Istvan orkeny (1912-1979), dissidente húngaro. Um blogger antes do tempo.

TEMOS POSSIBILIDADES DE ESCOLHER

A hospedeira estava a folhear um horário aéreo. Sabia tudo nas pontas dos dedos, consultou-o só para confirmar.
-Há um avião muito bonito que parte de Viena e chega a Roma às 16 e 10.
-Esse vai explodir na pista?
-Isso mesmo-disse a hospedeira.
-Mas ainda há outro problema- notou o passageiro.-Quando eu chegar à cidade, as repartições já estarão fechadas.
-Então faça escala em Praga em vez de Viena. Este voo chega três quartos de hora mais cedo a Roma.
-Esse parece melhor- constatou o passageiro.
-Mas em Praga tem de ficar três horas à espera da correspondência.
-Vale a pena- disse o passageiro.- Com o voo para Viena perco um dia.
-Assim será melhor ir com o voo de Praga. Infelizmente, a partida é às sete da manhã.
-Não é ideal- disse o passageiro.- Quando eu sei que preciso de me levantar cedo, nem fecho os olhos durante a noite.
-Portanto, em todo o caso, vai perder um dia? – sorriu a hospedeira para ele.- então, qual é o avião que vai escolher?
-Se calhar preferia o de Praga- disse o passageiro.- Vou tomar à noite um sonífero forte.
-Espero que saiba que- disse a hospedeira- com este avião também há um pequeno problema...
-Eu só ouvi dizer que nos Alpes se vai esmagar em cima de uma rocha. Ou este não é aquele?
-Pois é. Vai ser desfeito em pedaços- disse a hospedeira e, entregando o bilhete, acrescentou maquinalmente:
-Boa viagem.
Histórias de um minuto, vol. 1, Cavalo de Ferro.