CARO TUTOR ESPIRITUAL. AO CARLOS.

Contrariamente à tua opinião, aqui expressa, tenho naturalmente de discordar da mesma. Assim,
IRÃO. A vitória nas urnas, por maioria expressa de votos, pelo povo, com cerca de 68% de votos numa eleição que até foi concorrida, apesar dos prognósticos avançados dos comentadores, é um importante e positivo sinal para o mundo muçulmano, mas não só. Entre muitos outros factores porque foi a vitória contra a poderosa e institucional força da teocracia e das hierarquias religiosas, simbolizada pela candidatura de um corrupto e influente " pragmático" Rafsandjani. Foi a vitória do povo comum contra as elites que dominam a sociedade iraniana. Foi a vitória dos mais humildes e mais pobres. Foi um grito de indignação. Foi a derrota de um círculo que tem conduzido o país a uma profunda crise económica. E ao ser também uma vitória do xiismo militante assegura a continuação firme da resistência às pressões norte americanas, o que não sucede em mais nenhum país muçulmano. É a derrota das chantagens e ameaças de Bush, a certeza de que o povo iraquiano não vai ficar entregue a si próprio, à ocupação ou ao terrorismo sunita. É a certeza de que os xiitas, espalhados pelos reinozinhos totalitários do golfo, essa minoria eternamente oprimida pelas tiranias sunitas, terão um defensor. É certeza de que no Líbano continuará a haver um travão ao colonialismo francês e ao domínio americano. ´E a certeza de que o estado terrorista dos sionistas, israel, não vai poder dormir descansado. E é a certeza de que os desnvolvimentos teóricos, doutrinais e teológicos do xiismo iraniano, tal mal conhecido e tão deturpado no ocidente, serão cada vez mais uma barreira e uma alternativa à bárbarie obscurantista da casa de saud, aos salafitas, aos wahabbitas, a um Islão que não sabe pensar nem quer pensar. A vitória de um não religioso no Irão, prova que apesar de tudo, mesmo numa teocracia ( conceito estranho ao xiismo tradicional por sinal ) representada por Rafsandjani, a democracia possível apesar de tudo funcionou e elegeu o homem que os Ayatullahs não queriam. Mas nesse país desconhecido e de tantas contradições também ninguem refere que é uma mulher a vice presidente da República Islâmica, que as raparigas praticam párapente, ( mesmo com o tchador ), são o maior número de estudantes universitárias e dominam o mercado de trabalho. Bem como as listas de desemprego que deram a vitória ao ex-guarda da revolução do Iman Khomeiny.
1 abraço.