segunda-feira, julho 25, 2005

EXPLIQUEM-ME, POR FAVOR!


Expliquem-me, por favor, como é possível que Portugal tenha chegado ao ponta a que chegou?
Não compreendo, palavra que não compreendo, por mais que pense, não compreendo.

Um país assim, só dá vontade de chorar! E o pior é que os países não abrem falência, quando pensamos que já batemos no fundo, descobrimos que ainda há quem queira cavar mais um pouco.

O quê que nos espera mais? Bem, a esta eu sei responder. O empobrecimento geral da população, a emigração, sempre a emigração como alternativa, embora ilusória, ou a angústia de ver Portugal a descer por uma escada que não tem fim. O crescimento da violência e da intolerância, enquanto alguns privilegiados se encerram nos seus condomínios privados guardados por segurança privada. A negação aos jovens de qualquer aspiração a um futuro que lhes permita trabalhar livremente por uma vida digna e que os prencha enquanto seres humanos.

Enquanto isso, há quem brinque à política, prometendo choques tecnológicos e demais quimeras, distraindo-nos com pseudo-questões fracturantes, com pseudo duelos entre salvadores da pátria de esquerda e de direita, enquanto se prepara, discreta mas diligentemente, a transformação deste pedaço de terra à beira do Atlântico numa espécie de Flórida da Europa.

Não sejamos ingénuos.
Na Flórida da Europa que a divisão funcional ditada pela integração na União europeia ditou que seria Portugal, o nosso destino não é sermos americanos:
  • é sermos os cubanos que servem o pequeno almoço aos turistas ricos que vêm jogar nos campos de golfe para cuja rega a Barragem de Alqueva foi construida;
  • é sermos os cubanos que diligentemente mudam as fraldas aos velhinhos incontinentes do norte da Europa, que virão habitar as 'Residências Assistidas' que estão a começar a ser construidas à imagem e semelhança do que se passa há muitos anos na Flórida;
  • é não termos nem indústra nem agricultura nem qualquer margem de autonomia face a um poder distante que a partir de Bruxelas nos vai comprando a troco de umas esmolas;
  • é sermos desgovernados por uma classe de políticos corruptos, caciquistas e demagogos, que vão explorando o nosso medo de cairmos ainda mais fundo, e se arvoram em pais da democracia, garantes da estabilidade, promotores do desenvolvimento, e tudo o mais que lhes passar pela cabeça.

Na Flórida da europa, não há lugar para os portugueses.

Não é por acaso que a saudade é a palavra mais usada para definir a alma portuguesa. Porque a saudade é a angústia da lembrança do que poderia ter sido.

1 Comments:

Blogger cãorafeiro said...

para optimismo e poderação, já tive quanto baste.

já me iludi demais.

7:23 da tarde  

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